domingo, 8 de junho de 2014

Meu corpo me pertence

Um escarro, um beijo, um arroto.
Catarro, cheiro de peido, peixe morto.
Casca de ferida, sangue, um corte na língua.
Uma mosca sem vida, pus e uma íngua.

Meu sangue foi batido no liquidificador:
cago angústia, espirro melancolia, escarro dor,
Meus sentimentos são minhas excreções:
transpiro amores, durmo agonias, suo paixões.

Purulento, desce melífluo meu catarro.
Sua queda insiste em não cair.
Tem um tom amarelento meu escarro.

Sentimentos que cheiram à morte não me mentem.
Amo meus dejetos. Vivo pra expeli-los.
Minhas excreções são o que mais me pertencem.

20.jul.2009
Neto Muniz
Cruz - CE

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