domingo, 8 de junho de 2014

Ode à Sulamita


Eu dormia, mas o meu coração velava; e eis a voz do meu
amado que está batendo (Cantares de Salomão 5:2)

I

eu não dormi aquela noite
passeei pela noite seguindo o ritmo
das batidas cardíacas de minha amada.
a voz de minha amada
é a força motora de meu barco a vela.
navegar em seus lábios
é melhor que o vinho.
minha amada é como a pomba
não a prendo em minhas mãos.
ela é delicada, linda, graciosa e sutil
como a mirra exposta ao sol.

II

assim como as muralhas de jerusalém
os braços de minha amada me protegem.
ela me afaga com o mesmo cuidado
que um pastor afaga as suas ovelhas.
o seu corpo é o meu telhado
num dia de chuva,
o seu cabelo é mais cheiroso e afável
que os campos do Líbano.
que deus me perdoe
por ter escrito o nome de minha
nos caules dos cedros de meu jardim.

III

minha amada é majestosa
como os montes moriá, sião e sinai.
os braços de minha doce e amada sulamita
são navegáveis e afogáveis
como o mar mediterrâneo.
a sua presença é mais refugiosa
que estar em en-gedi.

IV

ela é a fonte dos jardins
ela é a força dos cavalos
ela é o eco das cavernas
ela é o horizonte
ela é o azul do mar
ela é o sol se pondo
ela é minha amada
sulamita.

(a imagem escolhida integra a coleção Bíblia Sagrada de Salvador Dali)

Léo Prudêncio
Sobral - CE

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