quinta-feira, 13 de novembro de 2014

*

a garotinha aproximou-se de seu "voinho" e disse:
os poetas deveriam ser imortais
e ele disse: e quem disse que eles morrem?
há poetas no seu coração, no meu, nas folhas secas que caem, nas tardes em que tomamos sorvete na pracinha, no sorriso das pessoas, na alegria e até mesmo na solidão.
a garotinha sorriu de lado com um olhar tão desacreditado que acreditou.

Luana Brito
Granja- 2014

Morada mundo difuso na letra

Circundo a atmosfera da imprecisão,
Retenho a beleza invisível do medo,
Contenho, mas não me contento.
Instigo, na mansidão, a recondução
Do passo futuro ao passo presente.
Desenho, mas não me mantenho...
Bifurcada maré no quadro da vida.
Quero Veneza em cores,
Quero Paris vestida de Veneza,
Quero Ceará em textura granulosa,
Nova Iorque em preto e branco.
Não há canto para permanência,
Morada mundo difuso é minha.
De poetizar estrelas não gosto;
De poematizar pormenores, sim!
Dispenso falatório sobre o estrutural:
Não estruturo, somente escrevo.
Flutuo sobre querelas,
Entre doces e amargos,
Entre coices e afagos,
Flutuo.
Com requinte, deslizo
Na letra, no ponto
E invento: " (.)!"
Na passarela das línguas,
Tapete vermelho, pois, para o português.

Thayza Alencar

Rabiscos mentais

É o além da carne
É a flor, é a pele
O sentir
Que consome, que pulsa...
Sobreviver, complexo do viver
Força, choro, letras, café...
Desejo, sentir, transbordar e existir
Interesse mascarado
Avanço e retrocesso
Eis o x da questão
A quantidade que incomoda
Que rodeia, que insulta
E existe...
Traduzindo emoções, além do miocárdio
Ao vento de inquietações
Interior, exterior...
Bagunça da alma, repouso do corpo
Inquietude do ser
Rabiscos da mente desenhando o infinito [...]

Carlos Elton Sousa

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Haicais (ii)

Amanhã será
Se, acaso, Deus quiser
Como folha ao ar.

*
Que solte do peito
Por sua própria vontade
O que não tem jeito.

*
Ah, como lamento
Lamentos em vão de outrora
E os que eu invento!

*
Saia, solte, pule
Solte a saia sua e sambe
Sorva a vida, emule!

Benedito Rodrigues
Coreaú - CE

AH, MAR


-Ah, mar...
Porque me deixou no porto
a vislumbrar navios distantes?
Se podia seguir no mundo,
junto às ondas, sem destino,
nos instantes
-Ah, mar...
que eu seja filha das palavras,
das brumas que Castro libertou
insensatez de quem ao tempo
uns vagos instantes legou
 -Ah, mar...
das espumas que cantei não restam nada
do fogo em brasa só as cinzas
da obra-prima, uns rascunhos
os sentimentos, minha sina
-Ah, mar...
quero escrever na areia branca
e suspirar em uns ouvidos
"tal desvario e tal delírio...
Ah, mar..."

Caroline Brito
Fortaleza - CE

NÃO ME OLHES

Messias Pinheiro

PALAVRAS

Palavras,
Nada mais que palavras
Quando ditas somente por dizer
Sem qualquer sentimento despertar
Não amenizam dores ou sofrimento
E nem provocam qualquer prazer

Palavras,
Tão cortante quanto punhais!
Atravessam os incautos corações
Carregadas de ira, sem compaixão.
Traduzem toda força da maldição
Destruindo sonhos e ilusões

Palavras,
Assaz alvissareiras
Edificam mudando o seu cantar.
Portadoras de boas notícias
Renovam e traz alento aos aflitos
Fazendo a diferença em seu habitat

Palavras,
Fonte de ricas bênçãos...
Profecias de vitória que apraz
Emociona, sara, e intercede.
Mensageiras do amor Divino
Que prenunciam esperança e paz

Mira Maia
04/11/2014

PONTO

.
isto é um ponto
(ou era)
até que ele decida
ser o desenho
da estrela no céu
perdida ontem a noite

Mailson Furtado

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

~*~


relLembre dDainphancia odDia o meio dDo dDia
aAas tardes o phim dDo dDia yas dDoces noites
gema clLara casca clLoaca ave ovo.gema clLara
casca ave ovo clLoaca.relLembre aAa inocentte i
iddade yos momentos qve elLa nosdDev dDe mv
vito esplLendor

PhrahelLio

Haicai

Bombeiro hidráulico
Vê estourar cartão de crédito
E entra pelo cano.

Jonas Pessoa

SEUS OLHOS

Quando relembro seus olhos
Vem-me outros e se espalham na minha memória
Que não esquece o verdor dos olhos seus
Pois eles estão entre palavras que floresceram em mim
Fazendo-me cativo dos seus olhos
Que verdes são.

Inocêncio de Melo Filho

EU QUERO VIVER NO CAMPO

Eu quero morar no campo
Eu quero cantar sem dor
Eu quero também compor
Canções que falem de paz
Eu quero mais, muito mais
Eu quero que os animais
Ensinem-me a viver
Quero também aprender
Um ou dois passos de dança
Sentir cheiro de criança
Ao menos de vez em quando
Quero viver até quando
O meu amor resistir
Quero viver só pra ver
A natureza florir
Eu quero morar no campo
Eu quero cantar o amor
Eu quero um beija-flor
Como um vizinho a mais
Eu quero cantar meus ais
Sem jamais te ofender
Não quero me arrepender
Do que ficou na lembrança
Quero levar esperança
Ao menos de vez em quando
Quero viver até quando
O meu amor resistir
Quero viver só pra ver
A natureza florir
Eu quero morar no campo
Só pra sentir o odor
Na hora do sol se por
Com seus raios colossais
Eu quero mais, muito mais
Eu quero estar com você
Quero te surpreender
Sem punho, sem liderança
Quero a sua confiança
Ao menos de vez em quando
Quero viver até quando
O meu amor resistir
Quero viver só pra ver
A natureza florir.

Zequinha

TUDO NA VIDA TEM UM PORQUÊ

Porque as coisas acontecem? Tudo na vida tem um por quê.

Quando o buril começou a ferir o bloco de mármore embrutecido, a pedra em desespero, clamou contra o próprio destino. Más depois ao se perceber admirada, encarnando uma das mais belas concepção artística do Mundo. Louvou o cinzel que a dilacerara.

A lagarta arrastava-se com extrema dificuldade, e vendo as flores tocadas de beleza e perfume, revoltava-se contra disforme. Contudo, um dia, a massa viscosa que era a razão de sua amargura, converteu-se nas asas de graciosa e ágil borboleta, então ela enalteceu o feio corpo que a natureza lhe deu para preparar o voo feliz.

O ferro rubro, colocado na bigorna, espantou-se e sofreu, incomodado. Todavia, quando se viu desempenhando importantes funções nas máquinas do progresso; sorriu, em tom de agradecimento ao fogo que, lhe purificara e engrandecera.

A semente lançada a cova escura, chorou, e consternada indagou-se o por quê fora confinada assim, ao extremo abandono? Entretanto, ao se ver transformada em arbusto, avançou-se paro o sol e fez-se árvore respeitada e generosa. Aí abençoou a terra que a isolara no seio.

Não te canses de fazer o bem. Quem hoje não te compreende, amanhã reconhecerá teu esforço e te louvará em agradecimento.

Jamais te desespere, auxilie sempre; a perseverança é a base da vitória.

Amadeu Lucinda

PENSO

Penso em um mundo sombrio
Cheio de livros
Consequentemente, com vários universos
De sonhos e fantasias
De amor, tristeza e dor
Mas também de alegrias
Com tons de cinzas e muita cor
Penso, mergulhando em cada página
Recriando cada história
Guardando tudo na memória
Dando vida aos personagens
Seguindo-os em cada paragens
Penso, lê-los na penumbra da meia luz
Ou na claridade da lua
Que vem me procurando
Batendo na minha porta, de vez em quando
Penso que lembrarei das minhas aventuras
Que um dia eu deixei
Por medo ou desventuras
Nos amores da juventude
Do que vivi em plenitude
Penso que recordarei
Daquele que foi maior
E do que deixei, por ter sido menor
Penso que quero ouvir
O suave som de uma flauta
Pra reviver o que senti
E a música, baixinha
Acariciando as palavras
De um tempo distante
Que um dia deixei na escrivaninha.

Aninha Martins

GUERRA MINHA

O poeta prova do fruto proibido,
O falso doce. Agora é anjo caído.
Do paraíso, despencou em devaneios
D’onde surgem os melhores anseios.

Saído do colo amado à infinita terra
O trôpego caminhar segue em guerra,
Entorpecido pelos novos sabores:
Imagens voláteis de verdadeiros amores.

Como soldado cruel, finca sua espada
No coração belo e frágil da amada.
Mas, batalhas forjam blindadas armaduras
À prova de manchas, feridas ou ranhuras.

O gélido exército solitário avança
Aonde nenhum sentimento alcança.
Inimigo é reflexo nos rios que passam
Diante dos olhos dos que os choram.

Na luta contra o espelho, sem canto de glória
Um embate eterno (até quando?), sem vitória.
Pedido de paz. Bandeira branca se ergueu.
Uma trégua – socorram! – o amor morreu!

Neil Silveira

GUARACIABA DO NORTE

Antes tu eras um CAMPO
E o CAMPO era GRANDE
Cresceu uma Rua Nova
E transformastes em uma Vila
A VILA NOVA DEL REI
Porém, esta vila tomou ares de cidade
E mais uma vez houve transformação
E GUARACIABA nasceu
Só que já tinha várias
E trocaram teu nome
para INHUSSÚ
E ninguém gostou
E veio a seguinte ideia
De te chamarem
GUARACIABA DO NORTE.

ARISLÊNIO NO PAÍS DA GRAMÁTICA

Após um dia estafante, exausto de tanto estudar para o provão adormeci e sonhei.

Sonhei que estava em um país exótico, onde os habitantes tinham nomes, costumes e posturas diferentes das nossas, um local onde quem ditava as normas era a gramática, mais precisamente a NGB.

Logo que chequei, alguém veio receber-me com palavras de boas vindas, dizendo-me ele ser um pronome indefinido substantivo. Explicou-me que estávamos No país da gramática e que apesar de haver regras pra tudo ali todos eram felizes, pois cônscios de suas funções, cada um cooperava satisfatoriamente para o sucesso de todos.

- E você? Quem é?

A esta altura todo confuso, respondi – não sei!

- Isso é sério, respondeu-me.
- Venha, vamos falar com o verbo de ligação, quem sabe ele pode ajudá-lo, evitemos o verbo intransitivo, e os transitivos, pois tanto o direto como o indireto estão sempre preocupados com os seus respectivos objetos.

E assim fomos ao encontro do verbo de ligação, que sorridente afirmou me conhecer, visto que eu me acompanhava muito dos seus amigos íntimos, o Adjetivo e o advérbio, e que por isso, já estivéramos juntos em várias orações em períodos simples ou compostos.

Ao ver-me estupefato com aquela declaração, continuou vaidoso, você pertence à classe das palavras variáveis por nome substantivo, classificado como próprio, do gênero masculino, em numero singular e composto por aglutinação.

Falou-me também que na oração eu assumia a posição de sujeito simples ou composto se estivesse com mais alguém, podendo ser agente ou paciente, bem como os dois ao mesmo tempo, caso estivesse ligado por um verbo reflexivo, e que graças a ele eu poderia ter vários predicativos. 

Concluiu explicando a minha relação com os outros verbos, ou seja, com o intransitivo eu teria uma predicação completa, ao passo que, com os transitivos eu ganharia objetos diretos e/ou indiretos dependendo de sua transitividade.

Após estas proveitosas informações saí a conhecer o resto do país, fiquei maravilhado, havia concordância em tudo, observei que todas as classes gramaticais se uniam formando as frases, e tanto na expressão oral, como na escrita, eram formadas as mais corretas manifestações de comunicações com o ouvinte ou o leitor.

Cheguei a um condomínio que parecia não ter fim, na fachada estava escrito DICIONÁRIOS, exultei de alegria ávido por conhecimentos e pensei com meus botões: aqui vou encontrar respostas para todas as minhas indagações. Porém a minha alegria pouco durou – ACORDEI! 

Mira Maia