Conto até três. Respiro fundo. Onde estou? Quem sou eu? Soa estridente a batucada da impermanência no relógio invisível do tempo. Dói, como dói! Atravessa-me esse compasso transparente que rasga meu presente e transfigura meu passado. Que diabos dói ?! O que acontece comigo? Só sei que não tenho motivos para sentir-me assim. Sigo, então, ancorada no vazio mais companheiro, na negação mais perfeita, na mais ligeira transposição, no tudo mais demais. Ah, quantas interrogações surgem! Indago-me... Quando desabafo para o nada sobre esse meu lado humano, ecoa em algum canto da galáxia uma congruência? Talvez sim; se sim, dou asas à imaginação... “Um coral que canta a negativa: Dó, ré, mi, a morte não atinge a mim. Uma pessoa que sente a alma levitar quando- em alguns poucos momentos- encara o poético finito. Uma criança que chora de medo no escuro da ignorância. O olhar que estranha o mundo, estranha o corpo e, por vezes, não enxerga o que quer negar. O livro de história que guarda o segredo não segredo: o passado chega! As cores, os perfumes, os lugares que falam sobre o eterno acabado, calado, armazenado em todos os segundos já vividos”. Todos ou só um? Alguém aí em resposta ao meu eco? Eu ou outro eu no mundo? Responde-me o nada: - Sim, muitos; esses todos que vivem o silêncio conveniente, o desconforto palpitante. Chego a pensar com isso que humanos são como os pleonasmos na escrita: repetem-se em suas repetições. Só espero, enfim, um atento leitor do profundo... Um alguém que traduza essas letras presas à minha angústia e sinta esse incômodo sem linearidade. Digo, pois, em tom realista, a esse alguém que a lacuna é inevitável... viver é também negar o inegável!
Thayza Alencar
Tianguá-CE
Nenhum comentário:
Postar um comentário