Quando deita-se o Sol com a Estiagem,
No confim dum tabuleiro esquecido,
No morto fundo dum poço bebido,
No ruminar da última forragem,
Despe-se toda planta de folhagem
Na nudez de raquíticos garranchos,
Nos lajedos incandescentes, anchos,
Petrificam-se imotos os lagartos;
Outros jazem de insolação já fartos
No vazio de refratários ranchos.
Na tristeza do coito consumado
Cessam mudos os pássaros seu canto,
Solidários ao incessante pranto
Que, penoso, permeia todo o prado.
O suplício do solo calcinado,
Da caatinga alquebrada e malferida,
Pela Besta voraz então parida,
Da fome, sede e morte portadora;
A Seca, impiedosa predadora,
Perseguidora ferina da vida.
Eduardo Macedo
Fortaleza - CE
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