terça-feira, 30 de setembro de 2014

ALGUNS FENÔMENOS OU CURIOSIDADES EXISTENTES NOS MORRINHOS

Duas das principais atrações turísticas de Guaraciaba do norte encontram-se nos morrinhos: a Pedra dos Letreiros e a Cachoeira dos Morrinhos. Porém existem curiosidades lá que as autoridades ainda não tomaram conhecimento: “O Covão” e o “Buraco dos Flamengos”.

- O COVÃO –

É simplesmente extraordinário o que acontece ali. Existe um terreno plano e com uma vegetação rasteira, própria do carrasco. De repente, há uma depressão formando um baixio em forma de círculo. Do lado oposto, onde a terra não cede, forma-se uma marquise que vai baixando a laje até tocar a terra.

A esse fenômeno, a esse lugar, chamamos de “Covão”. Ali é entrada ou saída de uma gruta, de uma caverna existente próximo daquele lugar e que a chamamos de “Buraco dos Flamengos” e que… falarei depois.

Foi ali no covão que, na década de vinte do século próximo passado, um garoto do lugar, chamado Idelzuíto Gonçalves, quando andava fazendo armadilhas para pegar caças – mocós – encontrou uma urna mortuária indígena, com ossos humanos.

Após aquele achado, o lugar passou a ser sagrado para os moradores do lugar. Esses moradores eram místicos, de índios e de civilizados. As culturas desses dois povos neles eram conflitantes, estavam elas presentes em tudo daquela gente. 

Como deduziram que o local teria sido um cemitério, passaram a cultuar o lugar.

Naquele lugar faziam-se preces, prestavam-se devoções, pagavam-se promessas e rezavam-se ladainhas. Também eram enterradas ali as crianças que morriam antes de serem batizadas (pagãs), por esse motivo, não poderiam ser enterradas em cemitérios convencionais, porque, ainda segundo eles, não eram cristãos e o cemitério é lugar sagrado pela Igreja Católica.

Acontece que, nessa marquise, criavam-se muitos maribondos. E maribondo dos bravos, maribondo caboclo. 

A picada desse inseto dói pra dedéu e incha.

Acontece que eu tenho um irmão, que o chamo de assanha, isso porque, quando alguém estava rezando no covão, o Gonçalinho ia por trás das moitas de fufú e, com uma atiradeira, assanhava os insetos, que picavam os incautos e os punha para correr. 

Ele, porém, ria muito da travessura. 

O Gonçalinho tem uma memória incomum. Muitos fatos narrados nesse livro, principalmente as datas, foi a ele que recorri. Meu irmão, agradeça a Deus pela memória que Ele lhe deu. Você não tem memória e, sim, um computador encaixado nessa cachola.

Amadeu Lucinda.©
Do livro: “Histórias nos Morrinhos” 

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