sábado, 20 de setembro de 2014

POETA ANDARILHO


Teu palco é a rua, 
És ébrio andante, 
Percorres a noite 
Na ponta dos pés. 
Balanças inquieto, 
Quase não bebeste 
A fina aguardente; 
Não sei onde estás. 
Pediste um cigarro; 
O corpo envergado 
É duro, uma pedra, 
Quase não suporta 
Teu fardo de amor. 
Nuvem de fumaça; 
Hesitas canhestro, 
Não moras na rua, 
Mas dentro de ti. 
Entraste na vida, 
Deveras, fecunda, 
Detrás da certeza 
Da luz da manhã. 
És tido por louco; 
Mas sei que tu és: 
Poesia que corre, 
Com água serena, 
Um sopro de vida, 
Que rega e alumia 
O imenso deserto 
Do escuro existir. 

Eliton Meneses

Nenhum comentário: