quinta-feira, 18 de setembro de 2014

AQUELE RIO

Atravessando aquele rio
De água não tão calma
Vagava minh’alma
Sem medo, sem frio

Mirando a outra margem
A bela travessia seguia
Ao vento, em calmaria
Com coração e coragem.

A canoa desbravava
Lentamente e frágil.
De remo valente e ágil,
O canoeiro forcejava.

Os flancos daquela nave
Leves ondas afagavam
Como alento, a guiavam
Pelo leito do rio suave.

Cada avanço, uma paisagem
Da aurora ao crepúsculo
Temporal era minúsculo
Na calmaria da viagem.

Uma espessa bruma
Fez uno rio e céu.
Desabando escarcéu,
Sobre barco fez espuma.

Minha ubá foi ao fundo,
Sepultando suas ranhuras
E também as venturas
Jazendo em outro mundo.

A longa jornada acabou
Outra margem se fez distante
E pensar que num instante
O remeiro acreditou.

Inda valente, nada a correnteza.
De nada se esquiva.
Mas, sem sua ubá, à deriva,
Carrega o banzo e a tristeza.

Sem a margem derradeira,
De volta à firme terra
Agradece o fim da guerra
Com Tupã na algibeira.

Sob o fusco, n’areia,
O brilho de Jaci lampeja.
Alivia aquela peleja
Com graças à volta pr’aldeia.

Neil Silveira – 15.07.2014

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