No céu o astro de fogo se despede
E como quem reina, espalha sua beleza
Para que todos atentos o observe
Num espetáculo digno de nobreza.
Aos poucos surgem as estrelas
A lua parece nem estar no céu
Se movimenta com toda sutileza
Os cavalheiros até tiram o chapéu.
O corpo se prepara para dormir
Sinal da cruz antes de deitar na cama
O sono resolve sumir
E logo começa o drama.
A posição parece não ser confortável
O lençol não aquece do frio
Um malabarismo incansável
E a alma perde o brio.
Tudo tira o sossego
Um feixe de luz na janela
Distancia o aconchego
E a noite se rebela.
Um barulho lá fora surge
Suficiente para despertar atenção
Parece um lobo que urge
Encantando a escuridão.
Os olhos começam a arder
O coração tende a acelerar
A virgília insiste em permanecer
Mas a mente só quer descansar.
Vale contar carneirinhos
Um, dois, vinte, cem
Já é hora de ouvir os passarinhos
E o almejado sono não vem.
Recorre-se a outros mecanismos
De origem farmacológica
São os soberanos ansiolíticos
A questão talvez seja psicológica.
O negativo de se manter acordada
São os pensamentos desconexos
Que ao longo da madrugada
Deixa o ser perplexo.
A noite até pode ser envolvente
Mas ela só me faz chorar
Tenho a essência de um ser carente
E o crepúsculo me incita a lamentar.
No sono não passo do primeiro estágio
A sonolência não vira torpor
O dia todo tenho um presságio
Que a noite vai ser um horror.
Essa tal dissonia
É mesmo algo injusto
Queria eu uma alquimia
Para dormir a qualquer custo.
Não dominar a volição
Ficar por horas inconsciente
Talvez fosse a solução
Do meu desespero aparente.
A insônia ainda irá me acompanhar
Vou tentar torná-la produtiva
Agora é hora de ir deitar
E praticar toda essa narrativa.
Autora: Ádyla Lucas
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